terça-feira, 20 de julho de 2010

Roberto representará SC no mundial paraolímpico de natação!

Ele entrou numa piscina aos oito meses de vida e até quatro anos atrás não dava muita bola para a natação. Sempre gostou da prática esportiva, mas não era com a água que pensou que ganharia o mundo. O esporte foi incorporado a seu cotidiano porque Roberto é portador de mielomelingocele.

Roberto Alcade Rodriguez tem 18 anos. Sagrou-se em junho de 2010, em Berlim, na Alemanha, o quarto melhor nadador de nado peito do mundo. Cruzou os 100 metros em um minuto e 50 segundos. “30 segundos a mais que a melhor marca mundial”, afirma.

Em agosto, Roberto tem novo compromisso. Ao lado do treinador Fladmir Klein, embarcará para a Holanda. O nadador gaúcho radicado há três anos em Floripa é um dos 23 integrantes da Seleção Brasileira que participará do mundial paraolímpico de natação.

Para manter o índice, treina cinco vezes por semana na piscina e reforça a atividade com pilates. “Ele só não treina às quintas-feiras e aos domingos. Nos demais dias é um exemplo de dedicação”, garante Fladmir.

Apesar do pouco apoio, como tradicionalmente acontece com a maioria dos atletas, Roberto não se abala. A meta é estar no ano que vem no Parapan do México e em 2012, desembarcar em Londres para participar da Paraolimpíada. “O caminho tem que ser percorrido devagar”, lembra.

Voluntariado social – Fladmir gostaria de ter mais apoio para se dedicar aos treinos de Roberto. Mas por questões financeiras, tem que adaptar os horários de treinos às aulas que ministra na academia Aquática, em Jurerê Internacional. “Faço um trabalho social que me engrandece muito. Eu também competia, na categoria máster, parei para me dedicar principalmente ao treino do Roberto. Tudo tem valido a pena. Trabalho com outros atletas com deficiência e a convivência com eles engrandece. Hoje procuro estudar mais para poder adaptar o treino a eles. É um trabalho que requer dedicação mas que tem pouco reconhecimento. Porém me basta a perseverança e a dedicação deles”, garante o técnico.

O embarque de Roberto e Fladmir para Eindhovem, na Holanda só será possível porque o atleta está vinculado à Associação de Deficientes Físicos de Santa Catarina (Apedesc), instituição com sede em São José, que recebe o apoio da prefeitura da Fundação Municipal de Esporte e Lazer da cidade vizinha à capital catarinense. “Sem eles seria impossível viajar”, afirma Fladmir.

Quem também aposta no talento de Roberto é o Costão do Santinho, que libera a piscina para o atleta treinar. As empresas Cepall e a Hammerhead fornecem equipamentos e as roupas para que o nadador possa se preparar pras competições internacionais. “E claro, temos todo o apoio da Aquática, caso contrário, seria muito difícil eu ter mais tempo para dedicar ao treino do Roberto. Faço por ele um trabalho social. Sem remuneração precisamos adequar nossos horários”, diz Fladmir.

Acha que pode dar aquela força pro Roberto e incentivar o esporte? Entra em contato com eles pelo telefone 48 – 9618 8285 (S. Cirilo, pai do Roberto) ou ainda pelo telefone: 48 9998 5485 (Fladmir). O e-mail de Fladmir é ellf@brturbo.com.br

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Campeão no esporte e na vida

08/07/2010
Marcel Nunes - Jornal Folha do Sul (Bagé/RS - 08.07.2010)



A conquista de um objetivo não deve esbarrar nos limites físicos, mas necessita de persistência e superação. Um exemplo é o bageense Roberto Alcalde Rodrigues, de 18 anos. Radicado em Florianópolis, Santa Catarina, há mais de quatro anos é considerado um exemplo de vida, superação de obstáculos e sucesso. Vítima de uma doença constatada antes mesmo do parto, o jovem perdeu o movimento dos membros inferiores na infância, mas ultrapassou as expectativas de recuperação e tornou-se um dos maiores nomes do esporte paraolímpico brasileiro da atualidade.

A mieloningocele, mais conhecida como Spina Bífida, é uma malformação da coluna vertebral da criança, no qual dificulta a função primordial de proteção da medula espinhal, que, é o "tronco" de ligação entre o cérebro e os nervos periféricos do corpo humano. O distúrbio é caracterizado pela má formação dos ossos da espinha e pode afetar bexiga, intestinos e no caso de Rodrigues, os músculos. O irmão mais velho, Gabriel Alcalde, na época com oito anos lembra do primeiro diagnóstico sobre a real situação do irmão caçula.
- O médico nos informou que ele ia se desenvolver de forma normal até certa etapa da infância, mas, que acabaria por regredir aos poucos, até perder o movimento das pernas e se tornar cadeirante.

Filho de Diva Maria Duarte Alcalde, ex-funcionária da Universidade da Região da Campanha (Urcamp) e Luis Cirilo Viña Rodrigues, Roberto se desenvolveu e relacionou os irmãos Gabriel e Marina e, com as crianças da mesma idade até os três anos. Acompanhado por psicólogos e especialistas da área, passou por quatro cirurgias na tentativa de reverter o quadro, mas nenhuma obteve sucesso.
- Na primeira tínhamos a expectativa de estancar o problema, o que acabou não acontecendo. O desgaste e o grande risco de morte na quarta intervenção deu um fim ao período de hospitais, lembrou Gabriel.

O avanço negativo do quadro clínico fez com que fossem necessárias a utilização de bengala, andador e tala. A fisioterapia obrigatória e a natação, como meio paralelo de tratamento, não foram capazes de evitar que aos 10 anos Roberto se tornasse cadeirante. Apesar da dificuldade de locomoção e de adaptação em meio a rejeição da sociedade, a adoração por história e filosofia auxiliaram na formação do ensino fundamental, completado na Escola do Ensino Fundamental Jean Piaget.

Ares de vitória

Apesar dos avanços, um município de pequeno porte, sem infra-estrutura e os problemas familiares acabaram por culminar na mudança de ares. O destino foi Florianópolis, ilha localizada ao centro-leste do estado de Santa Catarina e com a quarta melhor qualidade de vida do país. Um verdadeiro celeiro de talentos.

A mudança de vida foi essencial para o crescimento de Roberto, a história no esporte continuava, em especial, com a natação e com o kung-fu, arte marcial que atraiu a atenção para o mundo esportivo e que, colaborava para a diminuição das fortes dores no quadril, atribuídas a mielomeningocele. Segundo Diva, a qualidade de vida e as opções para o filho cresceram no novo estado.
- Se abriu um leque de possibilidades, o que não acontecia em Bagé e acaba até por prejudicar o Roberto. A rotina entre tratamento e o computador que havia em casa, não era benéfica.

A visibilidade e a estrutura disponibilizada acabaram por contribuir com o desempenho físico e, Roberto logo começou a se destacar nas aulas de natação. O bom desempenho rendeu o primeiro convite para competições oficiais em Santa Catarina, o Maratona Aquática, em mar aberto.
- Nosso primeiro sentimento foi de preocupação, nadar em mar aberto, sem experiência, mas para a nossa surpresa ele foi muito bem desde o início, revelou Gabriel.

Aliando os treinamentos com o vídeo game, com os amigos e com o estudo, seus passatempos preferidos, o atleta bageense passou a competir em piscinas, no Circuito Loterias Caixa, organizado pela Confederação Paraolímpica Brasileira. As competições abrangem diversos estados do país e são realizadas em Brasília, Curitiba, São Paulo e Pernambuco.

Seleção e alto nível

Os bons resultados atraíram a atenção do comitê brasileiro e desde 2008, Roberto Rodrigues integra a equipe brasileira juvenil de natação paraolímpica. Competindo com as cores verde e amarelo, o bageense sagrou-se campeão mundial da categoria na modalidade nado costas e atualmente é presença confirmada na Seleção Adulto, inclusive tendo participado de junho de uma etapa do Campeonato Mundial na Alemanha.

Na oportunidade, o atleta marcou seu melhor tempo na carreira na prova de 400m, com 5'58"86, terminando na quinta colocação. Nos 100m costa, Roberto marcou o tempo de 1'39"20, ficando na oitava posição. Apesar de não ter trazido medalhas, o resultado foi considerado bastante positivo, visando os jogos Paraolímpicos em Londres, em 2012, grande objetivo da carreira.

Os grandes resultados conquistado nas piscinas são provenientes de um esforço redobrado dia-dia. Segundo Roberto, a conquista de chegar até a seleção brasileira e competir ao lado dos melhores nadadores do mundo provém de um extenso cronograma de treinamentos.
- No momento treino quase todos os dias da semana, com descanso apenas as quinta feira e aos domingos para recuperação. O treino envolve habitualmente duas horas e meia por dia, de natação e, trabalho um trabalho de força que, também é desenvolvimento na piscina.

As conquistas e o espaço conquistado na seleção parecem muito encantadores, mas ainda é pouco para quem não deixa de usufruir o direito de sonhar. Roberto acaba de ser convocado novamente para a seleção adulta que, embarca para Eindhovem, na Holanda, onde vai participar do Campeonato Mundial entre os dias 15 e 21 de agosto. O diretor técnico do comitê, Edílson Alves Tubiba, elogiou o desportista durante a convocação.
- Teremos nossos principais atletas, André Brasil e Daniel Dias, mas também outros atletas que vêm se destacando, como o Phelipe Andrews, Verônica Almeida e Edênia Garcia. Mas o mais importante é que a seleção está se renovando, com jovens talentos como o Matheus Rheine, o Talisson Glock e o Roberto Alcade.

Fora da piscina

Aliado a motivação de superar obstáculos que, Roberto renova a cada treino e vitória, a vida fora do esporte também exige o mesmo empenho dele e de seus familiares. Em busca de criar uma maior independência, ele realiza atualmente aulas de direção e deve portar em breve a careteira de habilitação.

Apesar da juventude, Roberto se mostra muito maduro quando o assunto é a deficiência física e surpreende quando fala sobre o seu pensamento em relação a possibilidade de voltar a andar que, apesar de pequena, está depositada nos estudos desenvolvidos sobre células tronco.
- Sou feliz desta forma e, caminhar não iria me tornar uma pessoa melhor. Tenho muitos sonhos que considero mais importantes, pois, existem diversas pessoas que quando adquirem uma deficiência, passam a vida toda tentando voltar a andar e assim acabam esquecendo de viver.

Acredito que tudo acontece por algum motivo, nosso dever é de fazer o máximo com o que temos e, de transformar a dificuldade em apenas mais um obstáculo para ser ultrapassado.

Conhecido nacionalmente e a caminho de uma olimpíada, Roberto não esquece suas origens e do município onde tudo começou, com os trabalhos de fisioterapia e natação. Distante a pelo menos quatro anos, o atleta faz questão de deixar uma lição de vida, de esperança e principalmente de crença àqueles que por alguma forma desistiram ou se entregaram ao ostracismo.
- Deficiente ou não, você pode conseguir tudo o que quiser, basta se dedicar sempre e dar o melhor de si. Evoluir e nunca desistir. Todos vivemos no mesmo mundo, todos temos as mesmas possibilidades, alguns com mais dificuldades, mas nada é impossível para ninguém, quanto maior é a dificuldade maior ainda se torna a vitória.

http://www.folhadosulgaucho.com.br/?p=16&n=3110

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Campeonato Mundial de Natação - Holanda




Lista de convocados inclui veteranos e promessas

O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) anunciou nesta terça-feira, 06, a lista dos 24 atletas que representarão o Brasil no Mundial de Natação, que será realizado de 15 a 21 de agosto em Eindhovem, na Holanda. O destaque é a mescla entre nomes consagrados da natação paraolímpica e jovens revelações brasileiras.

“Teremos nossos principais atletas, Andre Brasil e Daniel Dias, mas também outros atletas que vêm se destacando, como o Phelipe Andrews, Verônica Almeida e Edênia Garcia. Mas o mais importante é que a seleção está se renovando, com jovens talentos como o Matheus Rheine, o Talisson Glock e o Roberto Alcalde”, destaca Edilson Alves Tubiba, diretor técnico do CPB.

O objetivo é claro: manter o Brasil entre as cinco principais forças do mundo na natação, condição alcançada no último Mundial.

“Mundial é sempre uma caixinha de surpresas. Nunca sabemos como irão as outras equipes até começar, pois existe muita renovação e isto ocorre inclusive com o Brasil. Esperamos conseguir boas conquistas individuais, que deixem o país entre os melhores do mundo. Nas duas ultimas edições 2002 e 2006 o Brasil ficou entre os 10 e os cinco melhores respectivamente. Pretendemos manter o resultado da última”, explica o coordenador técnico da natação, Gustavo Abrantes.

O presidente do CPB, Andrew Parsons, ressalta a importância estratégica do Mundial para a modalidade.

“Por estar exatamente no meio do ciclo paraolímpico, o Mundial é um ótimo termômetro para sabermos a atual condição do Brasil. Além disso, é uma competição que já conta vagas para Londres 2012”, lembra Parsons.

“A convocação mescla grandes nomes da atualidade, atletas experientes e jovens talentos, evidenciando que a natação brasileira passa por um momento muito bom, que nos permite antever bons resultados para Londres 2012, mas também preparar atletas fortes para 2016. Nossa expectativa é muito grande”, explica Parsons.

Responsabilidade de quem vai entrar n’água

Apontado como a principal esperança de medalhas do Brasil ao lado de Andre Brasil, Daniel Dias promete fazer bonito no Mundial, mês que vem.

“A expectativa é das melhores, principalmente agora, com o apoio do CPB, com o Projeto Ouro. Estou tendo condições de treinamento como nunca tive”, conta o multimedalhista paraolímpico.

Na próxima semana, dia 13, Daniel embarca para Sierra Nevada, na Espanha, onde fará um treinamento de altitude, pelo Projeto Ouro.

“É a primeira vez que faço algo assim. Espero que ajude.”

Daniel precisa de toda força mesmo. Afinal, sua meta no Mundial é ousada:

“Vou disputar as sete provas individuais. Espero conquistar medalha em todas. De preferência de ouro”, diz rindo."

A delegação brasileira embarca para a Holanda no dia 03 de agosto e retorna ao Brasil no dia 22 do mesmo mês.

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